sábado, 12 de dezembro de 2009

Vejam só...


Este post não é meu,é de meu amigo blogueiro ÉDER,que acabou de criar um novo blog e me convidou a conferir.Fiquei boquiaberta ao ler este texto,pois ele traduziu aqui algo que cada um de nós deseja,e só alguns realmente conseguem fazer ao fim de mais um ano:uma faxina na alma,jogando fóra algumas coisas que se passaram ,horríveis,e outras que foram até boas,mas nos escravizam num passado que já foi e hoje não serve pra mais nada.
Bem,tenho pronto um texto sobre por a casa em ordem para postar aqui,mas desejei compartilhar esse do Éder juntamente com os devidos créditos pra que se inspirem tanto o quanto eu a fazer sua faxina de 2009,para entrar com a casa/coração limpo em 2010,o endereço do novo blog do Éder é http:recortecotidiano.blogspot.com.
Aí vai..:
Quanta tralha a gente guarda sem a menor necessidade. Coisas antigas podem até ocupar a nossa memória, mas o espaço do quarto é limitado. Meus aposentos nunca foram sinônimo de organização, porém nos últimos dias, estava se tornando um ambiente jurássico, insuportável para quem convive com uma religiosa rinite alérgica.

A minha tia é aquele tipo de criatura que muda os móveis da casa como quem dá uma guinada em sua própria vida. A sensação é inexplicavelmente prazerosa para ela. Há dias vem arquitetando empiricamente uma pequena reforma aqui em casa. Lógica da Física: ela e a sujeira não podem ocupar o mesmo espaço. Uma entra, a outra sai.

Quando ela chega, faz logo a radiografia da casa: tira a poeira do teto e dos cantos mais secretos, tira tudo do lugar e limpa freneticamente. Meu quarto já estava na sua mira. Não tinha como escapar. Com a ajuda dela, coloquei uma pilha de papel pra fora. Passei uma eternidade catando o lixo e separando das utilidades, enquanto ela limpava tudo.

Quando a gente não tem grana pra comprar todos aqueles livros da faculdade, não tem jeito, tem que se virar com a xérox mesmo. O problema é onde guardar tanta coisa, e depois de quatro anos de vida acadêmica, o conteúdo das disciplinas anteriores estava um caos. Tanta coisa importante que não posso perder, mas não sei onde guardar...

Comecei jogando fora um monte de revistas velhas, folders de programações de que participei em antigos trabalhos, fitas de vídeo (VHS) mofadas. Fiquei surpreso com a quantidade de propaganda que colecionava, de santinho político a programação de cinema. Parece que este tipo de panfletagem se esconde. Esse hábito de guardar de tudo um pouco, herdei do meu avô: “um dia você pode precisar”, advertia sempre.

Conservei quase todos os cartõezinhos e cartas antigas. Não tive coragem de rasgar tudo, porque quero guardar as inverdades e desmentiras que já me foram escritas. Quantas paixões tórridas se evaporaram, junto com declarações insípidas e mensagens descartáveis de colegas. Ah os cartões de Natal, como eles conseguem, ainda, ser mais interessantes que scraps. Detesto a artificialidade das mensagens prontas.

Encontrei sinceridade no afago dos amigos, nos bilhetes escritos a mão, nas velhas fotos das ultrapassadas câmeras analógicas e até naqueles negativos inúteis que a gente acaba guardando. Fotos antigas nos revelam o reflexo do tempo em nós. Como a gente vai mudando fisicamente, alguns ficam mais bonitos, outros nem tanto. A turma está lá, todos sorrindo, o sentimento de unidade continua vivo. Até quando? Não sei...

Então joguei fora alguns dilemas. Pensei: a vida é única e curta, pessoas passam e deixam recordações, já não há tempo pra ostracismos. Peguei sentimentos de culpa, minha falta de humildade, situações desagradáveis, a incompreensão alheia, amassei tudo e acertei na cesta. Descartei alguns temores junto com umas provas de matemática.

Enchi sacolas plásticas de meus discursos vazios, algumas das promessas que fiz estavam cheias de teia de aranha. Lixo, muito lixo! As decepções estavam entulhadas perto da coleção de cartões telefônicos, e quando passei a vassoura debaixo da cama, catei as incertezas e os sonhos antigos jogados ali às vezes por medo.

Algumas dores só cabiam numa caixa bem grande, providencie-a. Fui colocando tudo dentro e observando o quanto a caixa ia ficando pesada. Acho que não vou colocar essa caixa junto ao lixo da rua, pra ser levada pelo carro do lixo. O mais cômodo é levar para o quintal e queimar, ver tudo aquilo virar cinzas, ver as cinzas se espalharem.

Tinha também aqueles pecados que mancham as paredes. Manchas negras evidenciam uma sujeira tão feia numa parede branca que fiz questão de pintar, mesmo sabendo que não terminaria o serviço sozinho. Compartilhei o pincel com alguém que entende mais de casa, templos e decoração do que eu. Ele retirou pacientemente as manchas em negro escarlata, pintou combinando tons de vermelho carmesim, finalizando com um branco inconfundível, parecia neve. Um artista! Convide-O pra limpar e pintar sua casa.

Ainda tinha tanta coisa pra jogar fora, essa era uma faxina que estava adiando há meses, por falta de tempo mesmo. E com tanto material do curso, nessa etapa decisiva, não queria que ninguém mexesse na minha bagunça organizada, tem coisas que só a gente sabe como fazer e ficar do nosso gosto. Amo a minha tia, ela invade o quarto e deixa tudo limpo e arrumado, para que depois eu possa bagunçar tudo de novo.

2 comentários:

Eder Barbosa de Melo disse...

Olá Alessandra, que honra ver esse texto ser publicado aqui! Fico feliz por você ter gostado do novo Blog e por divulgá-lo. Escrevi este texto depois vivenciar esta experiência aqui em casa. Quanto aos comentários mudei a configuração e peço que tente outra vez, já testei e espero que dê certo, valeu pela dica. Acho que você também ta enfrentando uns probleminhas com comentarios né? Mas tudo vai se resolver, o lay out do outro Blog ficou lindo. Agradeço também pelos elogios, bondade sua. A nossa parceria continua. Abração.

Antonio Mano disse...

Essa faxina anual deveria ser feita por nós diariamente. Um dia chegamos lá né!!
Minha mulher é como a tia do Eder.. rs.. também é certinha na limpeza.. graças a Deus.. porque eu também tenho a maledete renite alérgica.
PAZ

Edificando em todo lugar..

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